Cidades

Demissão de Mandetta provoca manifestações em Niterói

Pronunciamento de Bolsonaro é marcado por 'panelaços' em Icaraí. Foto: Pedro Conforte

A troca no comando do Ministério da Saúde dividiu opiniões em Niterói, na tarde desta quinta-feira (16). Durante a entrevista coletiva com o então ministro, Luiz Henrique Mandetta, demitido nesta tarde, agradecia a equipe de trabalho e o apoio recebido enquanto, quase simultaneamente, o presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) fazia um pronunciamento em outro ponto de Brasília para anunciar a chegada do médico oncologista Nelson Teich para a pasta. A mudança foi alvo de 'panelaços' contra, mas também manifestação de apoio, em pontos da Zona Sul de Niterói.

Manifestantes usaram bandeiras em apoio a decisão de Bolsonaro. Foto: Pedro Conforte

O pronunciamento de Bolsonaro pela exoneração de Mandetta durou cerca de 20 minutos, tempo em que moradores de Icaraí e Santa Rosa, na Zona Sul de Niterói, foram às sacadas e varandas de prédios para bater panelas e soltar gritos de "Fora Bolsonaro!", e de apoio ao ex-ministro. Em contrapartida, outros manifestantes empunharam bandeiras do Brasil, em defesa do presidente.

O clima entre Bolsonaro e Mandetta já vinha esquentando nas últimas semanas, principalmente com relação ao posicionamento a respeito do isolamento social como medida para frear a curva de crescimento do novo coronavírus no país. Nesta quarta-feira (16), o país contabilizou 1.924 mortes e confirmou 30.425 casos da doença. Em seu perfil pelas redes sociais, Mandetta anunciou que ouviu a demissão pelo presidente, após uma reunião em Brasília.

Bolsonaro classificou a exoneração como um "divórcio consensual". O presidente voltou a defender a flexibilização gradual do isolamento social, alegando que o Governo Federal já gastou cerca de R$ 600 bilhões em medidas para auxiliar a população e que a economia não consegue manter o apoio por muito tempo.

"Ao longo desse tempo é direito do ainda ministro defender o seu ponto de vista como médico, mas também é preciso entender a questão do emprego. Não foi tratado da forma que eu achava, como chefe de Executivo, que deveria. Não condeno, não recrimino e não critico. Ele fez aquilo que como médico achava que deveria fazer. Ao longo desse tempo a separação se tornava cada vez mais uma realidade, mas não podemos tomar decisões de forma que o trabalho feito por ele fosse perdido", afirmou Bolsonaro.

Perfil

Presidente anunciou o novo ministro simultâneo a despedida de Mandetta. Foto: Reprodução rede social

O novo ministro Nelson Luiz Sperle Teich acompanhou o posicionamento ao lado do presidente, nesta tarde. Carioca e formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o oncologista trabalhou durante a campanha eleitoral de Bolsonaro como consultor de saúde. No último dia 3, o médico publicou um artigo explicando como conduzir o Sistema Único de Saúde e o Brasil. O profissional também defende isolamento social horizontal para combater à Covid-19 e a aplicação de testes em massa.

"Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento", diz trecho da publicação feita por Teich.

A Associação Médica Brasileira (AMB) também participou da reunião de escolha do novo nome para a pasta e, em nota oficial, declarou seu apoio ao nome de Nelson 'pelo seu perfil altamente técnico, importante para o momento como atua'.

“Na AMB referendamos o nome de Nelson Teich. É um nome que conta com nosso total apoio, e pelo qual temos muita simpatia. Respeitado na classe médica, eminentemente técnico, gestor e altamente preparado para conduzir o Ministério da Saúde”, declarou o presidente Lincoln Lopes Ferreira.

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